Segundo a corporação, o primeiro chamado para a ocorrência foi feito à 1h04. Ao menos 48 viaturas se deslocaram para o local, com 150 bombeiros.
Vítimas
A maioria dos moradores do prédio residencial estava dormindo quando o incêndio começou. Foi o caso de Júlia Nascimento, 18 anos, que deixou o apartamento acompanhada pela mãe e pela irmã. “Por volta de 1h, ouvi muitos gritos. As pessoas gritavam ‘fogo, fogo!’ – Acordei com barulho das janelas quebrando e fui chamar minha mãe e minha irmã. Então, corremos para a rua”.
Segundo a jovem, nos primeiros instantes do incêndio, pessoas desesperadas chegaram a fazer cordas com lençóis para deixar o prédio pela janela. A cortina de fumaça teria dificultado a passagem pelos corredores. Com o fogo controlado, Júlia pretende pegar alguns pertences e seguir para a casa de uma amiga, no mesmo bairro.
O prédio residencial ao lado da academia abrigava muitos estrangeiros, principalmente asiáticos. Segundo os bombeiros, o idioma foi uma barreira natural, já que em alguns andares a fumaça não chegou e os moradores não entendiam que se tratava de um incêndio.
Um casal de chineses falou com a reportagem do Terra e disse que a fumaça fez com que eles subissem as escadas. “Eu acordei com o barulho e não sabia o que fazer. Não dava para descer, então eu subi com o meu marido”, disse Li, moradora do prédio atingido.
Moradora do primeiro andar do prédio, a aposentada Maria Helena Cavalcante, 71 anos, foi uma das primeiras a deixar o imóvel. “Eu não vi nada por causa da fumaça. Eu praticamente rodei na escada”, disse a mulher, que mora com a filha. “Minha filha desceu quase pelada para a rua”, falou.
Já o advogado Amaral Cardoso Pereira trabalha no prédio ao lado, também danificado pelo incêndio. Segundo ele, outras quatro pessoas trabalham em seu escritório. “Eu vi o incêndio pela televisão por volta das 6h30 e vim correndo pra cá. Vou tentar tirar os meus documentos do prédio. A minha vida está lá dentro”, disse.
Irregularidades
Segundo o Corpo de Bombeiros, existem irregularidades no prédio comercial no qual funcionava a academia. De acordo com o tenente-coronel Correa Leite, o prédio não estava com a vistoria feita pelo Corpo dos Bombeiros em dia. "O projeto que foi apresentado precisava de alterações e não foi aprovado. Ele estava em trâmite", disse.
Mais cedo, o coronel Roberto Rensi Cunha havia informado que outras irregularidades haviam prejudicado o trabalho dos soldados. “Quando chegamos, vimos que as portas corta-fogo estavam trancadas, o que é irregular. Nos deram um molho de chaves e tivemos que abrir as portas, o que dificultou o nosso trabalho”, falou.
Ainda segundo o coronel, as chamas foram intensificadas em três pavimentos por causa de outra irregularidade: a presença de gás GLP em botijões. “É proibido o uso de botijões nesse tipo de apartamentos, a não ser em áreas externas. A presença de GLP potencializou as chamas”, disse.
Interdições
A Defesa Civil foi acionada e acompanha o trabalho de rescaldo do Corpo de Bombeiros. Ao todo, 146 apartamentos foram atingidos nos dois prédios, que foram interditados por problemas estruturais e na parte elétrica. Três lojas que funcionam no local também foram lacradas.
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Jair Paca de Lima, moradores seriam acompanhados aos seus apartamentos, de maneira ordenada, para que pertences fossem retirados. Após isso, os prédios seriam completamente interditados.
A prefeitura oferece aos desalojados vagas em albergues municipais, mas a maioria dos moradores está optando por ficar em casas de parentes, amigos ou até em hotéis da região.
Trânsito
A operação causou a interdição do sentido centro da avenida Rio Branco junto à rua dos Timbiras e, no sentido bairro, junto à rua Antonio de Godói. Já na avenida Ipiranga, a interdição foi em ambas as pistas, junto à avenida Cásper Líbero. Por volta das 7h30, porém, a pista da esquerda foi liberada para o tráfego.
No início da manhã, os bombeiros realizavam a parte final de rescaldo do incêndio. As causas ainda serão investigadas pela Polícia Civil.
Repercussão nas redes sociais
Moradores da região central de São Paulo relataram, via redes sociais, o que ocorria na avenida Ipiranga. As chamas e a fumaça assustaram alguns vizinhos do local.
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